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Sombras do Passado: Crianças Vítimas de Violência em Portugal | Brevíssimo Conto

Sombras do Passado


Capítulo 1: O Início do Pesadelo


Era uma tarde de inverno em Lisboa.


O céu cinzento refletia o clima pesado dentro da casa de Ana e Ricardo.


Inês, Miguel e Sofia brincavam na sala, tentando ignorar os murmúrios altos que vinham da cozinha.


A Inês, a mais velha, tinha um pressentimento ruim. A menina já sabia o que viria a seguir, mas tentava proteger os irmãos do pior.


Vamos desenhar, Miguel. Sofia, queres pintar comigo?” sugeriu a Inês, tentando distrair-se.


No entanto, os murmúrios transformaram-se rapidamente em gritos.


Ana e Ricardo discutiam acaloradamente.


O som de um prato a partir-se ecoou pela casa, fazendo o Miguel e a Sofia tremerem. A Inês abraçou os irmãos, tentando tranquilizá-los.


De repente, ouviram o som de um estalo seco.


A Inês fechou os olhos com força, sabendo exatamente o que tinha acontecido.


A Sofia começou a chorar baixinho, e o Miguel abraçou a irmã mais nova, tentando protegê-la de algo que ele também não compreendia totalmente.


Capítulo 2: A Primeira Denúncia


Na manhã seguinte, a Ana apareceu com um olho roxo e um corte no lábio. Tentou sorrir para os filhos, mas o sorriso parecia mais uma máscara.


O Ricardo tinha saído para trabalhar e, por um breve momento, a casa parecia respirar novamente.


A mãe está bem, meus amores. Foi só um acidente,” disse a Ana, com a voz a tremer.


Inês não acreditava naquilo, mas não disse nada.


Decidiu, no entanto, falar com a professora na escola.


A professora, preocupada, chamou o Conselho de Turma.


Dias depois, assistentes sociais foram à casa de Ana.


O Ricardo, furioso, culpou a Ana por expor a família. Prometeu que as coisas iriam mudar, mas no fundo, todos sabiam que era uma mentira.


Capítulo 3: O Julgamento


Numa noite particularmente violenta, os gritos foram tão altos que os vizinhos chamaram a polícia.


O Ricardo foi preso, e Ana, com os filhos, foi levada a um abrigo.


As crianças, assustadas e confusas, não entendiam o que estava a acontecer.


O julgamento foi marcado para algumas semanas depois.


A Inês, o Miguel e a Sofia foram chamados a depor.


Sentados na sala do tribunal, os três irmãos sentiram-se pequenos e vulneráveis.


A lei não protege as crianças que apenas assistem à violência,” disse a advogada, num tom frio.


Capítulo 4: A Decisão


O juiz, apesar de tolerante, estava limitado pela lei.


O Ricardo foi condenado pela agressão à Ana, mas a situação das crianças não foi levada em consideração de forma significativa.


A Inês sentiu uma revolta a crescer dentro dela. Como era possível que a lei não as protegesse?


Temos de ser fortes, Miguel, Sofia,” disse Inês, determinada. “Um dia, isto vai mudar.”


Capítulo 5: A Mudança da Lei


Pouco tempo depois, uma nova lei foi aprovada em Portugal, reconhecendo formalmente a violência doméstica contra as crianças que presenciam agressões.


Essa lei poderia ter mudado o destino da Inês, do Miguel e da Sofia, mas para eles, chegou tarde demais. Apesar disso, a mudança trouxe uma nova esperança.


Capítulo 6: O Futuro


Os anos passaram.


A Inês tornou-se uma advogada, inspirada pela injustiça que viveu.


Trabalhou incansavelmente para proteger outras crianças de passarem pelo que ela e os irmãos passaram.


O Miguel, por sua vez, tornou-se um artista reconhecido, usando a sua arte para expressar e curar as feridas do passado.


A Sofia, ainda jovem, destacava-se na escola e queria ser psicóloga para ajudar as crianças traumatizadas.


A história dos três irmãos tornou-se um símbolo de resistência e esperança.


O passado deixou marcas, mas não definiu os seus futuros.


Unidos pelo amor e pela determinação de fazer a diferença, a Inês, o Miguel e a Sofia transformaram a dor em força, mostrando que, apesar das sombras, há sempre uma luz a brilhar.


Epílogo


Em Lisboa, um memorial foi erguido em homenagem às vítimas de violência doméstica.


A Inês, o Miguel e a Sofia estiveram presentes na inauguração.


A Inês fez um discurso emocionado, lembrando a importância da nova lei e a necessidade de continuar a lutar por um mundo mais justo.


Hoje, estamos aqui não só para recordar, mas para garantir que ninguém mais sofra em silêncio. A nossa história é a de muitas crianças, e a nossa luta é por todas elas,” disse a Inês, com os olhos brilhando de determinação.


E assim, as sombras do passado foram gradualmente substituídas por uma nova era de esperança e justiça.


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