SOBRE O BOM GOVERNANTE
Quando os chefes militares gregos discutiam sobre o regresso à pátria, depois de dez anos de cerco de Tróia, levantou-se um clamor nas hostes que pretendia a todo o custo partir, contra a opinião do Conselho.
Ulisses, então, percorreu o acampamento, e puxando um dos que protestava gritou-lhe: "Seu tolo!...
Que haja apenas um que mande, e a quem todos os restantes obedeçam!".
A diferença é que na grécia antiga o mando era um Dever Sagrado em que se era investido pelos deuses e que se manteve mesmo no absolutismo quando se entendia que provinha de direito divino, até às modernas teorias de soberania popular em que o poder se dessacralizou, emanando da soberania popular.
Nesse tempo o problema da aptidão não se punha porque não era o soberano que governava, sendo representação, concreta e visível, do poder sagrado do estatado, de que derivava o governo.
Por isso em Roma o soberano era também o sumo pontífice.
Na Inglaterra de hoje, ainda se conserva parte disto, e por isso o seu sistema politico regenera-se naturalmente expulsando os maus governantes sem necessidade de sufrágio popular.
Hoje o governo perdeu o caracter sagrado e a função de governar é como gerir uma empresa, ou exercer uma profissão. A soberania do povo nem é boa nem é má... depende do que o povo, essa entidade abstracta e indefinida, quiser fazer com ela.
Governa quem tiver a arte e engenho de conquistar o favor do povo e de nele se manter.
Agora sim, pela "desacralização" do poder é que são os mais aptos na sua conquista e manutenção, a governar, não sendo necessariamente os melhores...
Mas nem sempre foi assim, nem tem de ser necessariamente assim.
@J.V.
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