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RISO , HUMOR E COISAS DO GÉNERO

RISO , HUMOR E COISAS DO GÉNERO

Aristóteles, no seu tratado "Das Partes dos Animais" (salvo erro), sentenciou que o ser humano era o único animal que ria. Irei tentar dissecar o juízo. Não sobram dúvidas que o riso é o epifenómeno (ou seja, um fenómeno derivado de um outro fenómeno fundamental) de processos complexos de maturação. Nomeadamente ao nível do cérebro.

Mas é verdadeiramente abissal a clivagem que nos separa das diversas realidades do mundo animal. Que sabemos nós do comportamento das formigas, das lagartas, das águias, dos golfinhos, das lebres e dos bichos da seda ? Será que eles não possuem, a seu jeito, capacidade histriónica e hilariante ?

Uma coisa é certa : a chamada Natureza bruta não faz rir. Uma serra, uma planície, uma serrania, um bosque, um lago, uma penedia, um pedaço de mar, não provocam o riso. A menos que ... A menos que possamos descortinar numa penedia a "Cabeça da Velha", que surpreendemos na Serra da Estrela; a menos que o resto de uma ceifa por concluir nos possa figurar, no restolho que fica, um nariz de Pinóquio ; a menos que, numa palavra, possamos "antropomorfizar" o mundo natural, ou seja, a menos que possamos projectar no mundo natural categorias humanas. Mas , neste caso, quem ri ou sorri, somos nós. Não é a própria Natureza.

Poderemos, talvez, vislumbrar aqui uma lógica. A lógica que vai da Natureza bruta à Natureza viva. Os nossos ingredientes materiais de base ( a água , os tecidos, as células, a matéria das veias, etc ) são ingredientes de uma realidade que se constitui a partir eles, mas os supera. Se assim puder ser, isto poderá significar que a disponibilidade para o riso e a viabilidade da hilariedade resultará da complexificação dos organismos animais . Uma amiba não terá, obviamente, capacidade do riso e para o riso. Mas será assim para um antropóide superior ? Será que os gorilas, animais comunitários e interactivos não possuem disponibilidade e meios para fazer humor e para o fruir ?

O professor Provine, universitário dos Estados Unidos, garante que certos chimpanzés se riem. E só não os vemos rir porque as suas gargalhadas não são, como as nossas, baseadas na expiração - um diafragma que se contrai e depois se expande, uma massa de ar que sai sincopadamente dos pulmões sob a forma de gargalhada - ah-ah-ah - mas se fundam no acto de inspirar , num ciciar mais interior , numa espécie (passe a imprecisa explicação) de um "riso para dentro".

Seja como for, continuo convencido que o humor é o atestado da superioridade do humano.

@Autor: A.C.H.

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