Museu da Imigração em Paris Desafia Tabus Históricos da França
Novo diretor reformula abordagem para promover a compreensão da história da imigração no país
O Palais de la Porte Dorée em Paris, uma obra-prima da década de 30 e do período das artes decorativas, passou por anos de relativo esquecimento nos circuitos turísticos parisienses.
No entanto, com a chegada de um novo diretor, a instituição busca agora desafiar tabus políticos e lançar uma nova abordagem para explorar a história da imigração na França.
Construído em 1931, o edifício foi originalmente concebido como a peça central da grande Exposição Colonial Internacional de Bois de Vincennes, que celebrou o auge do império colonial francês com 33 milhões de visitantes. No entanto, a sua história posterior levou-o a transformar-se num local onde os tabus históricos da República Francesa encontraram um espaço para discussão.
A ideia de criar um "Museu da Imigração" surgiu em 2003, após Jacques Chirac transferir a coleção original para o recém-inaugurado Museu do Quai Branly. Essa mudança trouxe o Palais de la Porte Dorée para o centro dos debates sobre a história colonial da França e a influência dos imigrantes na formação do país.
"O presidente Sarkozy não queria promover a imigração; ele preferiria um museu da história da França", explicou Sébastien Gökalp, o atual diretor do Museu da Imigração. " O seu objetivo não era valorizar a diversidade cultural."
Foi somente em 2014, com o presidente François Hollande, que o museu recebeu maior reconhecimento político e financiamento. No entanto, as visitas ainda não estavam à altura de um museu nacional, com apenas cerca de 150.000 visitantes por ano, enquanto o aquário no subsolo atraía mais de 300.000.
Para mudar isso, Sébastien Gökalp implementou uma nova abordagem em 2019, enfatizando uma perspectiva científica e objetiva sobre a história da imigração na França.
A exposição agora explora doze datas-chave, desde 1685 até os dias atuais, destacando momentos positivos e desafios enfrentados pela imigração no país.
Contudo, a natureza política sensível do tema exige precisão e exatidão na apresentação, já que qualquer erro pode gerar críticas de extremistas de ambos os lados do espectro político.
O Museu da Imigração continua sendo um local delicado de se apresentar, com a presença de ministros em inaugurações e eventos sendo cuidadosamente avaliados. No entanto, a instituição continua empenhada em lançar luz sobre a influência dos imigrantes na história da França e a origem dos preconceitos, promovendo um espaço de reflexão para todos os visitantes.
Este artigo é uma reinterpretação de um texto originalmente publicado pela Swissinfo.ch.
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