MÃE, SEMPRE!
Já não tenho idade, nem paciência para lutar por muitas causas. Aos poucos, fui arrumando as bandeiras de outros tempos, por desilusão, por cansaço e, confesso, pelo comodismo que a idade reclama depois de uma vida intensamente vivida.
Porém, há combates que me acompanharão até à morte. Se desistir deles, desisto da minha existência. Contra a ignorância, contra a futilidade, contra o exibicionismo da mediocridade, contra a indigência cultural, contra a violência doméstica, contra qualquer forma de exclusão e sempre na defesa pelos direitos que a Constituição atribuiu a todos nós, sem exceção.
Vem este preâmbulo pra dizer que olho com tolerância, mas também com muita desconfiança, para as exigências de linguagem inclusa. Algumas vezes, concordo. De outras vezes, acho que são preciosismos patetas que não atrasam, nem adiantam. Porém, existem ‘estudos’ (como estou cansado de ‘estudos’ de patetas!) que, agora, parecem defender que se deve substituir a palavra MÃE por ‘Pessoa Lactente’.
As palavras têm significações externas e dimensões internas que incluem a emoção, a carga simbólica que remete para universos intocáveis pelo atrevimento radicalismo linguístico. MÃE é uma dessas palavras.
As nossas mães não são as nossas MÃES por que foram ‘pessoas lactentes’. Muitas delas nem sequer puderam dar de mamar aos seus filhos. MÃE é uma expressão sublime de amor, seja quando amamentaram e quando o deixaram de o fazer. MÃE É UM COLO! Existem mães que renegam os filhos. Mas são coisas raras. Terão sido 'pessoas lactantes' mas, apesar disso, são mães.
A alarvidade, em nome da inclusão e da igualdade, é tão descomunal que só dá aso à indignação. Este ‘estudo’ , mesmo sem o ter lido, não tem nada de científico. É pura e simplesmente amoral. É um dos sinais da Besta que nos seduz para a massificação, expurgada de afetos e de memórias.
Nem a mulher que pariu o autor ou os autores desta boçalidade vestida de progressismo é, ou são, apenas ‘pessoas lactentes’. Nem as vacas, nem os elefantes, nem qualquer outro animal que possui instinto maternal para além da amamentação.
Embora seja um descrente quanto às virtudes das nossas pobres e facilmente subjugáveis elites, espero que esta traição à MÃE não faça caminho. É um nojo que ultrapassa em muito os nojos a que regularmente somos sujeitos em nome da novidade.
Aqui, nesta página, em todas as páginas da minha vida, passadas, presentes e futuras, jamais existirá este absurdo insultuoso.
Será sempre a MÃE! As nossas MÃES!
As nossas queridas MÃES, quer estejam vivas quer já só vivam na nossa memória.
@Francisco Moita Flores
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