JOSÉ DE JESUS GABRIEL – LIBERTÁRIO, CARBONÁRIO E MAÇON (NOTA BREVE)
“Um fundador do Partido Comunista Português quase desconhecido. José de Jesus Gabriel: torneiro mecânico, carbonário e maçon Entre os fundadores do PCP, em 1921, estava José de Jesus Gabriel, nascido em Lisboa em 1879. Membro do seu Conselho Económico em 1921 integrou em 1923 a Comissão Reorganizadora. Quem era este homem que não ficou na História?
José de Jesus Gabriel, operário metalúrgico do Arsenal do Exército, dirigente da Associação de Classe dos Fabricantes de Armas e da Confederação Metalúrgica, fundou o jornal O Metalúrgico e foi redactor e administrador de A Obra (1905).
Era em 1905 dirigente da Federação Socialista Livre, organização de cariz anarquista intervencionista que colaborou com os republicanos. Nas páginas de O Metalúrgico, onde os intervencionistas [...]
Jesus Gabriel recusou um convite para ingressar na Carbonária Portuguesa, acabando por ser iniciado na Carbonária Lusitana, apadrinhado por Benjamim Rebelo e Júlio Dias, ascendendo a chefe de barraca. A Carbonária Portuguesa – também conhecida como Carbonária dos Anarquistas -, foi fundada em 1897, com sede na Rua 24 de Julho, próximo da Rocha do Conde de Óbidos.
Segundo informações prestadas pelo próprio a José Nunes «quase todos os carbonários mais graduados desta instituição [Carbonária Lusitana] pertenciam ao Grémio Obreiros do Futuro e à Confederação Metalúrgica, como delegados de algumas associações de classe. Gabriel, em vista de manter uma certa afinidade com esses elementos, foi também convidado a pertencer a esse Grémio, tendo-se efectuado a sua iniciação em Fevereiro de 1905» (José Nunes, «E Para Quê?», p. 47).
A Loja Obreiros do Futuro era o núcleo central, reservado, ao qual só pertenciam «os carbonários mais graduados», o que justifica [...]
Foi um dos fundadores do Partido Comunista Português. Em Março de 1923 esteve envolvido na enorme confusão que o PCP então conheceu, com expulsões entre facções adversas. Subscreveu em Maio de 1923, na qualidade de delegado do seu sindicato à Confederação Geral do Trabalho, o manifesto «A Questão das Internacionais - Berlim ou Moscou?» onde apoiou a Internacional Sindical Vermelha. Esteve presente no I Congresso do PCP (10, 11 e 12 de Novembro de 1923), onde participou activamente, presidindo à 3ª sessão.
Em Abril de 1932 – segundo o jornal O Arsenalista – encontrando-se numa situação económica e de saúde muito difícil [...]
Um facto curioso é que José de Jesus Gabriel entrou para a Maçonaria em 1913, na Loja Obreiros do Trabalho. Era então membro da Associação de Classe dos Fabricantes de Armas e Ofícios Acessórios e Metalúrgicos de Lisboa, da Associação do Registo Civil, de Associação Crécherie e da Academia de Estudos Profissionais Humanidade Futura. Os inquéritos produzidos no âmbito do processo, para aquilatar das suas qualidades, apresentam diversas informações sobre o candidato: «para além de torneiro mecânico dava explicações de Matemática»; era considerado «um bom cidadão que tem trabalhador bastante a bem da República e da Humanidade»; «republicano, ou mais alguma coisa», «livre-pensador», «parece ter elevados conhecimentos literários e serem suficientes para compreender os elevados princípios maçónicos»; «conquanto o seu ideal político seja bastante avançado, trabalhou bastante para a queda do antigo regime, chegando por vezes a ser perseguido pelos agentes da Bastilha monárquica»; «foi um grande revolucionário e foi um dos presos que estiveram na esquadra do caminho-de-ferro nos dias da revolução que proclamou a República», «dizem ser anarquista e livre-pensador».
Iniciado em 17 de Fevereiro de 1913 com o nome simbólico de «Lisippo», foi, em 22 de Maio de 1916, um dos fundadores da Loja Integridade, do Rito Simbólico, assumindo as funções de Venerável, [...]
@Professor António Ventura
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