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Ensinamentos judaicos | Artigo - Judaísmo

BOM DIA!


Meus agradecimentos especiais ao Comitê de Amigos do Meor Hashabat por sua sensível e carinhosa carta. Estou muito emocionado com cada contribuição e cada comentário que me tem sido enviado. Porém não foram todos ainda que se manifestaram. Seria maravilhoso receber alguma manifestação de todos aqueles que valorizam o que o Meór HaShabat Semanal vem transmitindo à nossa Comunidade, familiares e amigos. Nossa herança espiritual de mais de 3.300 anos de idade contém uma tremenda quantidade de sabedoria e dicas para termos sucesso na vida. Precisamos apenas abrir o livro e aplicar o ensinamento. Por exemplo: o Pirkei Avót (Ética dos Pais) é um livro de ética Judaica compilado a quase 2.000 atrás, disponível em diversas línguas (inclusive o português). Em seu quarto capítulo, no primeiro parágrafo, o livro traz uma pergunta feita ao grande Sábio Ben Zoma: “Quem é o homem sábio?” Respondeu o rabino: “Aquele que aprende de todas as pessoas”.

Você poderia me perguntar: “Que há de sábio em aprender de todas as pessoas?” A resposta é que ninguém vive o suficiente para cometer todos os erros imagináveis sozinho! Tudo que gostaríamos e planejamos fazer na vida será mais bem realizado se nos basearmos na sabedoria, experiência e conhecimento daqueles que nos precederam. O rabino Noah Weinberg Z”TL (1930-2009), fundador da Organização Educacional Êsh HaTorá, frequentemente dizia: “Um tolo aprende de seus próprios erros. O sábio aprende dos erros dos outros”. Certa vez eu lhe perguntei: “E se a pessoa não aprende nem de seus próprios erros?” O rabino Weinberg respondeu: “Esta pessoa não está viva! Viver é crescer, progredir e melhorar!”

Gostaria, então, de compartilhar uma história com você, querido leitor. Em 1973 eu me matriculei na Yeshivá Êsh HaTorá (uma academia para estudar a sabedoria da Torá). Três meses depois fui visitar minha cidade de origem, Portland, Oregon, nos EUA. Enquanto estava por lá decidi aliviar os problemas financeiros da Yeshivá recolhendo fundos para ajudar em sua manutenção. Certo dia, após a oração da manhã na sinagoga Shaarei Torá, o rabino Yoná Geller apresentou-me o Dr. Rodney Cox, uma pessoa que ficou fascinada por minha transição em tornar-me um Judeu observante da Torá e em saber mais sobre a Yeshivá que despertou minha curiosidade em estudar sobre nossa herança Judaica. Ele também me falou que o Sr. Cox era uma pessoa de ótimo coração e que ajuda generosamente as boas causas (Algumas pessoas têm bolsos bem profundos, porém braços muito curtos ...)

Depois de relatar-lhe minha historia pessoal, perguntei-lhe se gostaria de ter o prazer de doar a uma organização voltada a fortalecer o Povo judeu e que oferece a Judeus com pouca ou nenhuma bagagem uma oportunidade de aprender sobre sua herança? “Com certeza”, disse o Sr. Cox. “De quanto você gostaria?”

Fiquei abalado. Nunca ninguém havia me feito esta questão antes. Eu gaguejei uma resposta: “$36? Talvez $72?” E Rodney começou a gargalhar, uma risada divertida e jovial. Depois do que me pareceu uma eternidade, mas provavelmente foram dois minutos, perguntei-lhe: “Será que disse algo engraçado?”

O Sr. Cox respondeu: “É claro! Se alguém lhe pergunta quanto quer, diga $5.000 ou $10.000!” E perguntei: “Se lhe pedisse $10.000, o senhor daria?” Ele respondeu: “Sem dúvida. Mas agora vou lhe dar $36 e uma lição que não esquecerá nunca em sua vida!” Hoje já se passaram 25 anos. Agora sou um rabino que viaja pelo mundo coletando fundos para o Êsh HaTorá. Estou conversando com um dos mais ricos Judeus numa cidade, na pior reunião que já tive. Não consigo encontrar nada que desperte o interesse do cavalheiro. Depois de uma hora, o homem falou: “Bem, realmente agradeço sua visita, mas não tenho interesse. Minha esposa adora o Meór HaShabat Semanal, mas eu não o leio. Gostaria de contribuir com algo, mas tenho outras prioridades. Não me considero um grande ativista, mas a Êsh HaTorá está realmente conseguindo ajudar dezenas de milhares de Judeus que querem aprender. Não sou tão envolvido ‘Judaicamente’, mas o Povo Judeu é importante”. E continuou indo e voltando sobre este ponto. Depois da terceira repetição, comecei a ficar como que hipnotizado, e resolvi interrompê-lo: “O senhor mencionou que gostaria de fazer uma contribuição. Que quantia lhe seria agradável?”

Agora, sentindo-me como se estivesse passando por uma experiência que já havia presenciado, ouço sua pergunta: “De quanto você gostaria?” Imediatamente recordo-me da conversa com Rodney Cox, porém desta vez estou preparado! “Bem, $10.000 seria uma quantia significativa e não excessiva”. E o homem respondeu: “Sim, me parece bom”, e sacou seu talão e preparou o cheque.

Quem é o homem sábio? Aquele que aprende de todas as pessoas. Rodney Cox ensinou-me muito e sou-lhe muito grato. Sei que cada um de meus leitores está se fazendo a mesma questão: “Nu, você não retornou ao Dr. Cox?” A resposta é sim. Anos trás procurei seu apoio financeiro. Eu relatei nosso encontro alguns anos antes e perguntei se se lembrava. “É lógico!” Eu, então, falei: “Que bom! Eu vim pedir que ‘bancasse’ o edifício que estávamos construindo em frente ao Kotel HaMaaravi (Muro das Lamentações), no valor de 9 milhões de dólares”. Rodney deu sua conhecida e jovial gargalhada e falou: “Garoto, você realmente aprendeu bem a lição!” Não, ele não bancou o prédio em frente ao Kotel, mas fez uma generosa contribuição.


Rabino Kalman Packouz



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