As Pequenas Injustiças
Não me conformo com as pequenas injustiças.
Aceito as grandes, porque são inevitáveis, como as catástrofes, e atestam a impotência dos deuses.
Aquela criança, descalça, apenas precisava de uns sapatos.
Se tivesse nascido sem pés, não era tão grande a minha revolta.
António Arnaut, in 'As Noites Afluentes'
A revolta perante uma criança descalça: O poder de transformar pequenas injustiças.
As palavras do poeta e político português António Arnaut ecoam nos nossos pensamentos, destacando a sensibilidade que muitos de nós sentimos em relação às chamadas "pequenas injustiças".
São esses pequenos desequilíbrios da vida, muitas vezes imperceptíveis aos olhos desatentos, que nos provocam uma inquietação profunda.
Diante das tragédias e dos desastres, que são como forças da natureza, aceitamos a nossa impotência.
Porém, quando nos deparamos com uma criança descalça, com uma necessidade tão básica como uns sapatos, a revolta se faz presente.
Afinal, em situações assim, as injustiças parecem ainda mais cruéis.
Neste contexto, as palavras de Arnaut convidam-nos a refletir sobre o nosso papel na construção de um mundo mais justo, onde as pequenas injustiças possam ser mitigadas e onde a compaixão e a solidariedade prevaleçam.
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