Descubra a verdadeira história da Maçonaria e desvende os seus mistérios e lendas
A origem da Maçonaria é um tema cercado de mistérios e lendas, sem uma opinião única e consensual a esse respeito.
Segundo A. H. de Oliveira Marques, muitas histórias fantasiosas foram escritas sobre o assunto, desde os mistérios de Elêusis até ao rei Salomão e a Ordem do Templo.
Os Maçons desejosos de exaltar a antiguidade da Ordem e os profanos por desejosos de denegrir a Maçonaria têm escrito patranhas e balelas, confrangedoras pela ingenuidade e ignorância que revelam.
Dos supostos vínculos com os Antigos Mistérios até a conexão com as ordens de cavalaria: um mergulho profundo na evolução da Maçonaria ao longo do tempo.
Por sua vez, W. L. Wilmshurst, na sua obra intitulada Maçonaria – Raízes e Segredos da sua História, procura explicá-la enfatizando a sua suposta relação com os Antigos Mistérios, dos quais seria ainda que de forma muito atenuada, uma direta descendente espiritual.
A evolução da Maçonaria: de seu período operativo à forma especulativa atual.
Para António Carlos Carvalho, embora os antigos oradores e historiadores maçónicos costumassem afirmar que a origem da Maçonaria se perdia através dos tempos, remontando ao próprio Adão, na realidade, eles queriam dizer que desconheciam qual e quando havia sido o verdadeiro ponto de partida da Ordem.
Este autor acredita que o único modo legítimo de tentar chegar a uma conclusão válida será procurar os elementos comuns presentes ao longo da História conhecida da Ordem.
Dentre esses elementos, destaca-se a primordialidade do simbolismo, a qualidade da iniciação e a tradicionalidade da sua missão, que serão abordados mais adiante.
Por agora, conscientes da pluralidade e diversidade de opiniões a este respeito, ficaremos pela explicação mais amplamente aceite e segura, que atribui a génese da Maçonaria aos grémios de construtores medievais.
De facto, as corporações dos mesteres conheciam outras preocupações que não as de carácter puramente profissional, preocupações essas de natureza religiosa, iniciática, caritativa e mesmo cultural.
Possuíam patronos próprios, os seus mistérios, festas rituais (que remetiam frequentemente para a Antiguidade, não obstante o disfarce cristão), e destacavam-se pela sua intensa solidariedade.
Citando A. H. de Oliveira Marques, "[a] corporação dos pedreiros, ligados à nobre arte da arquitectura, incluía-se entre as mais importantes, respeitadas e ricas em simbologia e em segredos.
Nela se fundiam princípios, práticas e tradições de construção que remontavam aos Egípcios, aos Hebreus, aos Caldeus, aos Fenícios, aos Gregos, aos Romanos e aos Bizantinos, todo o corpus da civilização europeia".
No entanto, defende o autor que é nesta medida, e só nela, que podemos ligar a Maçonaria a uma remota Antiguidade.
O que mudou e o que permaneceu o mesmo ao longo da história da Maçonaria?
Assim, embora seja notória, como verificaremos, a presença, na cristalização maçónica actual, de todo um conjunto de elementos que lembram a organização das ordens de cavalaria e, sobretudo, o ideário dos Templários, bem como de vocabulário relacionado com o judaísmo bíblico, parece-nos que "(...) esta associação [fica a dever-se] mais à influência que os Templários exerceram na construção civil e religiosa e nas próprias corporações dos pedreiros do que a uma relação directa entre a Ordem do Templo e a Ordem Maçónica".
Convém referir que grande parte dos Ritos, ditos escocês e francês, com a sua complexa emblemática, foi inventada no século XVIII nas cortes e salões aristocráticos de países como a Alemanha, a França e a Inglaterra.
Posto isto, e de modo assaz sucinto, poder-se-ia dividir a História da Maçonaria em três grandes períodos.
O primeiro, em que a Maçonaria é denominada de operativa e que abrange aproximadamente os séculos XIII a XVI, coincide com a edificação das grandes catedrais góticas, correspondendo a uma época em que o centro de união dos colectivos maçónicos gravita em torno do ofício da construção e da arquitectura.
Todavia, embora tal ainda não se verificasse de modo expressivo, já desde o século XV "[a]s corporações dos pedreiros, como muitas outras, podiam aceitar (...) determinadas pessoas que, em rigor, lhes estariam à margem. Era o caso de estrangeiros, de clérigos, de agregados à profissão, de personalidades desejosas de se integrarem numa associação útil que os protegesse ou, pelo contrário, de pessoas que, por algum motivo, não eram bem-vindas ou aceitas pela sociedade da época.
O tipo de associação ou grupo ao qual essas pessoas se integravam variava dependendo das circunstâncias e da época histórica.
Por exemplo, no caso de estrangeiros, em alguns momentos da história eles eram bem-vindos e até incentivados a se integrarem na sociedade local, enquanto em outros momentos eram considerados ameaças à segurança e à estabilidade do país e, portanto, discriminados e até expulsos.
Já no caso dos clérigos, dependendo da época e do contexto histórico, eles podiam ser valorizados e respeitados pela sociedade ou, pelo contrário, perseguidos e excluídos.
De maneira geral, os grupos ou associações que se formavam com o objetivo de proteger e integrar essas pessoas muitas vezes tinham um caráter clandestino ou semiclandestino, já que a sociedade da época não costumava tolerar diferenças ou desvios das normas estabelecidas.
@William Bernardo
Gostei deste trabalho. 😉