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Maçonaria: - A ARTE REAL E O VERDADEIRO SEGREDO DA MAÇONARIA

A ARTE REAL E O VERDADEIRO SEGREDO DA MAÇONARIA


(Lição de Cerimónia de Iniciação)


A Maçonaria, como é geral e abstractamente referido, recorre a um conjunto de símbolos e alegorias simbólicas, que correlacionados entre si, formam um método de autoaperfeiçoamento, chamado “Arte Real”.


Os seus símbolos e alegorias têm a mais diversa proveniência, tais como da arte da construção, da linguagem simbólica antiga, de textos bíblicos, hermenêuticos, etc.


Cada um desses símbolos ou alegoria, pelas suas diferentes proveniências é um diamante de varias faces, cadauma das quais com o seu reflexo próprio, interpretações diferentes, conexões externas diferentes, ideias diferentes.


Por isso, cada símbolo deve e pode ser estudado nos seus mais diversos aspectos, ideias possíveis.


Isto é, o mesmo símbolo num texto bíblico, num papiro egípcio, numa ola indiana, num tijolo assírio podem ser entendidos no mesmo sentido (vg.. imediato, literal, universal), ou no seu sentido exacto, concreto, particular, porque cada povo tinha o seu método próprio de expressão através do símbolo.


Por exemplo, os egípcios representavam a lua como um gato, não porque acreditavam que fosse um gato, parecida com um gato, ou enigma, mas porque observaram que o gato via no escuro e que os seus olhos aumentavam e eram mais brilhantes durante a noite.


Como a lua à noite era o vidente dos céus, o gato era o seu equivalente na terra.


E assim o gato foi adoptado como símbolo natural da lua.


E o sol, que olhava o mundo em baixo, durante a noite, e também via nas trevas, podia também ser chamado de gato (em egípcio, “mau”, vidente, ver) e a lua o reflexo nocturno do olho do sol .


Era a ideia que os egípcios tinham da lua e do gato como símbolo a ela associado.

Mas a lua encerra muitos significados diferentes, além deste, noutros povos.


É o contexto que dá o significado ao símbolo…


Os símbolos, além de poderem ser estudados nos seus mais diversos aspectos, ideias, se correlacionados uns com os outros também podem significar um conjunto de ideias, princípios compreensíveis, que formam sistema coerente.


A este sistema coerente, chama-se emblema esotérico.


Como explicou Mackenzie na “Royal Maçonic Cyclopedia”, há uma diferença entre emblema e símbolo.


O Primeiro «compreende uma série de pensamentos maior que o símbolo, o qual se deve antes considerar como destinado a esclarecer uma só ideia especial». Daí resulta que os símbolos de vários países, compreendendo cada um uma ideia especial, formam colectivamente um emblema esotérico.


Este último é «uma pintura ou signo concreto visível, que representa princípios ou uma série de princípios compreensíveis para aqueles que receberam certas instruções (iniciados)».


Os emblemas e símbolos foram usados pela sociedades esotéricas, como a Pitagórica, de Elêusis, do Egipto, rosacruzes, etc., e também são usados pela maçonaria.


Explicando melhor: Um emblema compõe-se geralmente de uma serie de pinturas gráficas, consideradas e explicadas alegoricamente e que desenvolvem uma ideia em vistas panorâmicas apresentadas umas depois das outras.


Estas pinturas gráficas, símbolos, estão correlacionados física e logicamente entre si, e da forma como cada um apreende esta correlação interna, resulta uma correlação psíquica.

Da correlação dos símbolos, que formam o emblema, existe por isso um significado psico-lógico-fisiológico e cósmico de cada símbolo por si, e destes com o emblema.


Os “Purânas” hindus são emblemas escritos, como o antigo e novo testamento e os evangelhos apócrifos. Nenhum dos textos, símbolos, alegorias que os compõem podem ser lidos isoladamente se os quisermos compreender.


A “Arte Real”, na maçonaria, é também um emblema esotérico com um significado psico-lógico-.fisiológico, uma percepção individual, resultante da forma particular como cada um correlaciona os seus símbolos, que é condicionada pelas experiências de vida, sensibilidade, instrução e carácter que formam a personalidade.de cada indivíduo.


Sendo tão individual e pessoal não pode ser compreendida por mais ninguém. E por isso constitui um segredo de cada um.


E é aqui que reside o primeiro SEGREDO da Arte Real… o de que a “Arte Real”, e a forma como é apreendida e vivida, é um trabalho individual.


Contudo, o maçon pode transmitir o segredo do pensamento antigo, da tradição, acerca da história oculta de cada símbolo, para quem tenha capacidade e queira fazer a tal correlação entre os símbolos e ter a percepção global das ideias que o emblema esotérico representa.


E para tal são importantes os livros sobre a matéria escritos, quer pelos vários autores maçons, quer pelos não maçons, mas só isso não chega...


Sendo a Arte Real e construção do “emblema simbólico” um trabalho individual, estas leituras não conseguem explicar cada experiência pessoal, que é irrepetível e impossível de ser apreendida, mas pode ensinar como conseguir vivê-la. Isto é, o significado dos símbolos está ao alcance de qualquer um, não constituindo qualquer segredo, mas a correlação psico-lógico-fisiológica não pode ser explicada, porque depende da predisposição interior de cada um.


E é este último aspecto da Arte Real que não é compreendido pelos profanos a até por muitos maçons, porque a linguagem dos símbolos não é compreendida por todos, e a correlação destes para formarem o emblema esotérico da Arte Real, só é compreendida por quem foi instruído naquela linguagem, e quem a trabalhar.


E neste sentido, o “emblema simbólico” que cada um constrói, por que é individual, irrepetível e intransmissível, constitui um Segredo Individual.


Com efeito, como explicar a um profano que a palavra articulada, à semelhança dos textos hebraicos podia intencionalmente comunicar uma série de ideias diferentes dos signos fonéticos (ou o alfabeto egípcio de “Thoth”, em que a cada palavra fonética correspondia um símbolo pictórico), tem um poder que a ciência moderna desconhece?


Como explicar a um profano que o som e o ritmo estão associados aos números e aos quatro elementos dos antigos, como sucedia na escola pitagórica e de eulêsis?


Como explicar a um profano que a história de Hiran é uma parábola de onde se deduz um preceito moral, sendo esta moral um facto real da vida humana, sobre a sua contingência de mortal, e a interrogação sobre o seu destino quando desencarnado?


Como se pode explicar a um profano num mundo dominado pela ciência, pelo experimentalismo, o imediatismo, que a experiencia do passado, os anais da história longínqua ocultos na “linguagem do Mistério” dos antigos vedas, dos templos antigos, outrora universal, constituída pelos Símbolos, ainda é actual e universal?


E por maioria de razão, como se pode explicar o que é a maçonaria, cuja “Arte Rea”l é um emblema esotérico, a um profano?


E por último, como vamos nós explica-la, se esse emblema esotérico é uma vivência individual, de que muitas vezes nem temos noção?


Se muitos dos iniciados nem sequer têm a mínima capacidade de estabelecer a correlação entre os símbolos para fazerem ideia desse emblema esotérico da “Arte Real”, porque tal depende de uma predisposição individual?


E em que consiste esta predisposição individual que é pressuposto da pratica da Arte Real?


É uma também uma arte, semelhante à dos antigos cavaleiros andantes, e dos antigos peregrinos, que exige uma predisposição própria de espírito livre, atento, prático e aventureiro, essencial a um bom andarilho e comum aos heróis.


Andarilho vem de “sauntering” (em alemão), aparentada com “sainte-terrer” (em Françês), que designava os vadios que na idade média pediam esmola para ir à Terra Santa.

Os que iam em peregrinação eram os “saunters”, os outros, eram vagabundos, tão bem retratados no romance anónimo medievo, “El Lazaralilho de Thormes”.


Para partir era necessário total despojamento; o abandono do trabalho, dos meios de subsistência, o desprendimento da família e amigos, o saldar as dívidas e dispor dos negócios e dos bens, na incerteza da viagem.


Neste sentido, o andarilho era também um “Sans terre”, sem bens, sem pátria, pertencendo a toda a parte e a nenhuma em particular.


Em suma; a peregrinação era uma aventura, tal como o caminhar na natureza o deve ser!


Por isso, ser andarilho, exige um desprendimento de alma, uma ascese, igual à do peregrino. E esta alma de peregrino que deve ter o caminhante, não se adquire; tem de se buscar no interior do coração de cada um:


“Ambulatur nascitur, non fit” .[o caminhante não se faz, nasce]



Só a liberdade e solidão do andarilho, abstraindo de todas as preocupações que nos distraem, tem a magia de fazer com que um caminho percorrido anos a fio, traga sempre novas sensações.


A natureza tem esta personalidade vasta e surpreendente de nos fazer ver e sentir algo sempre de forma diferente.



E esta liberdade, desprendimento, ascese, que surpreendem o Andarilho com a novidade de uma paisagem já por si visitada, correspondem em maçonaria à Liberdade, Tolerância, Curiosidade do Maçon que se admira e emudece perante a vastidão surpreendente e bela do Universo, descoberta através do seu estudo constante, e cujo segredo lhe é revelado na cerimónia de Iniciação e depois na Elevação a Companheiro com o exemplo das artes e dos grandes mestres da humanidade, que antes de si percorreram o mesmo caminho.


A predisposição interior do Maçon, deve ser a mesma do Andarilho na paisagem.


É este o segundo Segredo da maçonaria.


Quanto mais se estuda/caminha, mais perplexos ficamos.


Quanto mais perplexos, com mais dúvidas…


Como dizia Bertrand Russel, «só os estúpidos têm certezas. Os sábios estão cheios de dúvidas».


Portanto, mais sábios, à medida que caminhamos.


Foi precisamente para esta aventura de andarilho, que te levará onde tu livremente pretendas, que acabaste de ser convidado.


A mesma aventura dos que aqui se encontram, e que por isso te passam a reconhecer como irmão de jornada e a que doravante chamarás Irmãos.


O Segredo da Maçonaria, e o que nela se pratica, a que chamamos “Arte Real”, é o de que ela é um processo, é pois um caminho individual, inspirado por uma predisposição interior, a do andarilho, do peregrino na paisagem.


E como dizia Dante, o peregrino tem dois caminhos; um que leva ao plano superior, e quando lá chegado, o que ascende ainda ao plano mais elevado.


A Arte Real é o primeiro desses caminhos.


Um caminho, ascendente, como o da “escada de Jacob” até ao infinito, na busca da Lei Universal, comum a todas as coisas, e resposta às velhas questões do sentido do universo, a origem e o destino do homem e da humanidade.


Por isso um caminho sem fim, em que nada é dado como certo, adquirido ou garantido, tudo dúvida, tudo novidade, tudo descoberta, numa fragilidade e perplexidade constante do indivíduo perante o enigma maravilhoso e surpreendente do Universo e de tudo o que o rodeia.


O último caminho é o dos Mestres, como Confúcio, Buda, Cristo, Maomé, Pitágoras, e outros, que falam a língua universal, acessível apenas a um número restrito de iniciados.


E desse, que está acima da Arte Real, não tenho qualquer autoridade para falar, mas mesmo que tivesse, não o poderia revelar à gente a quem Dante chama “de grossolano intelecto”,


Marco Aurélio

M.’. M.’.


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