A Grande Loja Nacional Portuguesa é em Portugal uma sentinela da Maçonaria Regular e Tradicional em Portugal.
A Grande Loja Nacional Portuguesa é uma Obediência maçónica masculina, portuguesa que foi constituída com 4 (quatro) Lojas, 50 Obreiros, em 1996 e provenientes da Obediência regularmente consagrada pela Grande Loja Nacional Francesa, denominada por Grande Loja Regular de Portugal.
Esta última Obediência sofreu ainda uma outra cisão em 1996, que resultou na formação da Grande Loja Legal de Portugal - GLRP.
A Grande Loja Nacional Portuguesa foi formalmente constituída a 09 de Março de 2000, no Cartório Notarial de Macedo de Cavaleiros, tendo sido reconhecida de imediato pela Maçonaria Regular (Continental), em contraponto com a Maçonaria Regular (Insular) que reconheceu a Grande Loja Legal de Portugal- GLRP.
A Maçonaria tradicional ou regular continental assume a presença em Loja das chamadas Três Grandes Luzes da Maçonaria: o Esquadro, o Compasso e o Volume da Lei Sagrada. A Maçonaria praticada inspira-se na habitual Tradição da cultura maçónica de inspiração judaica-cristã, iniciando os seus trabalhos com a Bíblia aberta no prólogo do 4º Evangelho, João.
Toleram ainda a presença de outros Volumes da Lei Sagrada, junto à Bíblia, no momento da prestação do juramento profano, no dia da iniciação, se a pessoa a ser admitida pertencer a uma religião diferente. A Bíblia na Maçonaria tradicional representa um símbolo e não é interpretado como um livro de qualquer religião revelada, mesmo que seja a do novo iniciado.
Na Maçonaria regular continental não é usado um livro em branco, ou a própria Constituição da Obediência, como se pratica noutras Obediências. Para estes maçons, o livro branco é considerado um arquétipo carente de sentido. E, praticando eles uma Maçonaria Tradicional ou de regularidade continental, a presença de um livro em branco não representa qualquer tradição, nem transmite qualquer origem.
A Maçonaria regular continental ou tradicional reconhece o Grande Arquitecto do Universo como um Principio. O Princípio da causa activa e original, considerando-o assim um símbolo menos redutor e menos determinante que a interpretação de Deus revelado das religiões e com enfoque metafísico acessível à razão humana. Para eles, o conceito tem a vantagem de conciliar as religiões dogmáticas e as religiões que não reconhecem a existência de um Deus criador ou de um demiurgo. Daí procuram o universalismo, praticando desta forma o Rito Escocês Antigo e Aceite que consideram assim ascender do incognoscível ao cognoscível, de vincular o visível e o invisível, de propor uma união do humano com o divino.
O rito que praticam na Grande Loja Nacional Portuguesa não deve ser confundido com religião e sentimento religioso. O Rito Escocês Antigo e Aceite que praticam desde a fundação da Grande Loja e na sequência do mesmo que foi desenvolvido na Europa, não é por estes maçons entendido como um substituto da religião, pela razão de que não se entregam a uma verdade revelada e não vão à Loja para adorar nela o Eterno. Trabalham em sua Glória e praticam a evocação do Grande Arquitecto do Universo no caminho do transcendente, cabendo a cada um desses maçons interpretar esse símbolo em função do seu próprio entendimento.
Consideram-se uma Obediência exclusivamente masculina por não aceitarem a maçonaria envolvida numa confusão de géneros. Aceitam a liberdade das mulheres mas não consideram essa igualdade como um sinónimo de uniformidade ou de identidade. Consideram existir diferenças entre o homem e a mulher, concretizadas pela lei da natureza. Como se relacionam tendo por base a Tradição, têm em conta os Antigos Deveres dos Maçons que publicam nos seus rituais: tanto a maçonaria dos Antigos como a dos Modernos é considerada uma fraternidade de homens livres e de bons costumes. Esta interdição continua a ser para eles uma marca fundamental da maçonaria regular ou tradicional que assim foi considerada desde a sua origem, uma sociedade de construtores. Consideram que a comunhão de espíritos e dos corações não se limita à prática de um ritual pelo que fora dos Templos estão sempre abertos a todas as manifestações de carácter fraternal.
No Rito Escocês Antigo e Aceite que praticam em exclusivo, consideram-no um rito iniciático racional. Procuram demonstrar internamente que os maçons não devem confundir Tradição com Conservadorismo, da mesma maneira que não devem confundir Espiritualidade com Religião, Modernidade e Modernismo. Não expondo assim, em qualquer circunstância, um processo iniciático aos olhar público e profano.
Consideram a Tradição como algo que se transmite de uma maneira viva, pela palavra, pela escrita e pelas diversas formas de actuar. Dizem que a Tradição é a vida em movimento, segundo a ordem cósmica, até a um melhor pensar, um melhor decidir, um melhor ser, fundamento do único progresso que consideram digno dos potenciais humanos.Defendem que a Tradição é uma fonte original que não se esgota nem se substitui. Por serem Tradicionais representam uma vida de sentimentos, pensamentos, crenças, aspirações e acções.
Transmitem aquilo que gerações sucessivas têm igualmente que perdurar e procuram legar como condição permanente de vivificação, de participação numa realidade em que o esforço individual e sucessivo pode alimentar-se indefinidamente sem esgotá-la. Sobre esta Tradição implicam uma comunhão espiritual das almas que promovem, pensam e se querem unidas por um mesmo ideal.Consideram que o Rito Escocês Antigo e Aceite é a autoridade da Razão. Que a Razão procede a Fé, sendo estes dois elementos-chave da espiritualidade do Rito que nada tem a ver com religiosidade. Explicam nas suas vinte e duas Lojas que a Religião não é mais do que uma organização material, extrínseca à espiritualidade. Ultrapassando assim o marco das religiões. Que a Espiritualidade existiu antes delas, desde que o homem tomou consciência da sua existência e da sua relação com o Universo. Explicam com insistência que o Rito se caracteriza pela Razão e pela Fé; não da Fé numa verdade revelada, mas num Princípio que se rege segundo leis imutáveis e suficientemente fortes que denominam Grande Arquitecto do Universo. Segundo eles, um maçon esforça-se por se conformar a uma Ordem, por actuar de acordo com umas regras para criar o seu Templo interior. E, com a Razão e a Fé, acedem ao sagrado. Enquadrando desta forma a Iniciação: o adepto não se trata como um demiurgo neoplatônico ou gnóstico, de dominar a natureza e transformar o mundo, mas de aprender a dominar a sua natureza e transformar-se a si mesmo para ver o mundo de outra forma. Mediante esta ascensão que o leva ao transcendente, o maçon consegue espiritualizar-se à sua maneira e, pessoalmente, de sentir a sua pertença ao universo. Esta maneira pessoal produz-se primeiramente pela apreensão dos pequenos mistérios que colocam o Homem no caminho de uma busca ampliada até si mesmo e aos seus semelhantes. Segundo a Maçonaria Tradicional utilizam os símbolos ou utensílios maçónicos para melhor conhecerem os elementos constitutivos da sua existência. Chegam gradualmente a saciar a sua ignorância original, aprendendo que o trabalho ajuda a corrigir os seus defeitos e os seus erros.Com isto querem que o maçon tome consciência do valor da sua própria existência, que aprende a venerar como bem inalienável que devem cultivar com esmero.
Promoveram individualmente, como maçons, a criação de um Supremo Conselho de Portugal do Rito Escocês Antigo e Aceite para que melhor instruísse os elementos constitutivos dos graus seguintes, remontando alguns ao século XIII. O seu espírito remonta a uma época muito antes do período judaico-cristão; a sua filosofia é muito anterior à Antiguidade greco-romana. A Grande Loja Nacional Portuguesa pratica a sua Maçonaria sem eliminar do seu método de trabalho nenhum dos símbolos e mantendo o maior escrúpulo na realização ritualizada do mesmo.
Mantém excelentes relações oficiais com mais de setenta Obediências maçónicas mundiais. Com estes Tratados mantém uma esfera de influência importante, a nível mundial, ao envolver-se na regularidade maçónica tradicional. A Grande Loja Nacional Portuguesa organiza também conferências e actos públicos de difusão maçónica e participa em iniciativas de interesse social, mas mantém uma grande discrição e não se compromete ou envolve, como Instituição, em temas ideológicos paralelos, deixando tais iniciativas ao livre arbítrio pessoal dos seus filiados.
A Grande Loja Nacional Portuguesa encontrou-se sediada no solar aristocrático barroco setecentista do Palácio dos Condes de Vinhais, em Mirandela.
Esta Obediência é composta pelas seguintes Lojas: D. Afonso Henriques nº 1, Fraternidade nº.2, Mestre Hiram nº. 3, Liberdade nº. 4, Identidade nº. 5, Sabedoria nº. 6, S. Jorge nº. 7, Amizade nº. 8, Trabalho nº. 9, Fernando Pessoa nº. 10, S. Pedro nº. 11, Casa Real dos Pedreiros Livres da Luisitânia nº. 12, Santiago nº. 13, Iberia Fraternitas nº. 14, David nº. 15, Estrela do Oriente nº. 16, Coríntia nº. 17, Almeida Garrett nº. 18, Dómus nº. 19, Viriato nº. 20, Cavaleiros da Luz nº. 21, José Damião nº. 22, além da Loja de Investigação Tomás Cabreira.
Integrando mais de 600 Obreiros e sendo uma das principais Obediências nacionais, trabalha nos três primeiros graus simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceite (1º grau, Aprendiz; 2º grau, Companheiro; 3º grau, Mestre Maçon).
Criou o Centro de Estudos Fernando Pessoa que promove e organiza colóquios e congressos, tendo realizado em Lisboa, no dia 25 de Março de 2006, o I Congresso Maçónico aberto ao público, numa Universidade e amplamente divulgado na comunicação social.
A Grande Loja Nacional Portuguesa integra ainda a corrente de fraternidade interobediencial pan-europeia que a inspira, projecto maçónico que foi inicialmente consolidante com a perspectiva da União Europeia e agora alargado a todos os Continentes e que se denomina por Confederação das Grandes Lojas Unidas na Europa. Fazem parte desta Confederação, para além da Grande Loja Nacional Portuguesa, a Grande Loja de França, com 35 mil Obreiros, a Grande Loja Tradicional e Simbólica – OPERA, a Grande Loja da Sérvia, a Grande Loja das Canárias, a Grande Loja da Grécia, a Grande Loja Unida do Líbano, a Grande Loja Nacional do Líbano, a Grande Loja Nacional da Roménia, a Grande Loja Geral Italiana, de entre outras.
Em 2004 realizou-se no Porto e em Vila Real de Trás-os-Montes a IV reunião do Comité da Confederação das Grandes Lojas Unidas da Europa, na presença de 450 maçons, oriundos da Grande Loja Nacional Portuguesa e de convidados de diversos países limítrofes e europeus. Esta cerimónia foi presidida pelo Grão-Mestre português Álvaro Carva, estando como Presidente da Confederação das Grandes Lojas Unidas da Europa, Jean-Claude Bousquet e que foi Grão-Mestre da Grande Loja da França. Foi, nessa data, criada por designers nacionais uma medalha comemorativa deste encontro.
O seu dirigente nacional assume o título de Grão-Mestre, sendo o seu primeiro responsável máximo Álvaro Carva, no mandato de 2000–2005.
Em 2005 efectuaram as primeiras eleições e em 2006 tomou posse como II Grão-Mestre e I Grão-Mestre Eleito, após votação favorável dos Mestres Maçons, o seu anterior responsável – o Mestre Instalado Álvaro Carva, para o mandato 2006-2008. Que tomou posse em Lisboa, na presença de 250 Obreiros e de 18 delegações internacionais provenientes de todos os Continentes, tendo recebido o malhete - após ter circulado por todos os Grão-Mestres presentes – e que lhe foi directamente entregue pelo Presidente da Confederação das Grandes Lojas Unidas da Europa, que vigorava nessa data: Bernard Bertry, Past- Grão-Mestre da Grande Loja Tradicional e Simbólica – OPERA, que contava com 15 mil membros.
O Grão-Mestre é eleito pelos representantes Mestre Maçons, após sancionamento pelo Grande Conselho de Mestres e, exceptuando-se na Escandinávia e na Grã-Bretanha, onde o Rei é o presidente nato e vitalício, na Grande Loja Nacional Portuguesa o mandato é de dois anos e são promovidas eleições gerais. Não podendo o Grão-Mestre transgredir as normas internas e constitucionais ou regulamentares.
Na Grande Loja Nacional Portuguesa os restantes Grandes Oficiais, com excepção do Grande Tesoureiro são escolhidos pelo Grão-Mestre, após sancionamento por parte do Grande Conselho de Mestres e, nalgumas Obediências este Órgão de Estrutura pode assumir outros nomes: Grande Conselho, Conselho Federal, Grande Capítulo, Conselho de Curadores.
Na Grande Loja Nacional Portuguesa o Grande Tesoureiro é eleito de entre todos como norma reguladora e de separação clara entre a responsabilidade espiritual e a financeira. Desde 2000 que a Grande Loja Nacional Portuguesa tem renovado o mandato a José Prudêncio (2000-2005), (2006-2008) e, agora, para o mandato (2008-2010). O Grande Oficial e Grande Tesoureiro José Prudêncio é TOC e apresenta, tal como definem o Regulamento Geral, as contas da Obediência anualmente. Que têm de ser discutidas, avaliadas, inspeccionadas e aprovadas em Assembleia Geral de Grande Loja.
O Regulamento Geral da Grande Loja Nacional Portuguesa prevê após a primeira votação mandatos de dois em dois anos. Em conformidade, em 2008 procederam de novo às eleições e os Mestres Maçons decidiram indicar como III grão-mestre da Grande Loja Nacional Portuguesa, o Mestre Instalado Jorge Barata da Silva, de Tavira, para o mandato 2008-2010. Que tomou posse a 20 de Abril de 2008 na presença de 250 Obreiros, para além dos representantes das Lojas da Grande Loja e de 15 delegações internacionais na cidade do Porto.
Ainda no ano 2008, o Muito Respeitável Grão-Mestre Jorge Barata da Silva renunciou à função.
A Grande Loja Nacional Portuguesa reuniu e, regular e estatutariamente, decidiu nomear como Muito Respeitável Grão-mestre em exercício da Grande Loja Nacional Portuguesa, o Muito Respeitável Irmão Álvaro Carva. Que de imediato procedeu a eleições.
A Grande Loja Nacional Portuguesa instruiu ainda o IV grão-mestre que deveria, de imediato, representar a Grande Loja Nacional Portuguesa, na 1º Conferência (universal) de Grandes Lojas do Rito Escocês Antigo e Aceite, a ocorrer em Nápoles, Itália.
Instruiu-o ainda que deveria organizar a recepção, em Maio de 2009, em Lisboa, Portugal, do Co.GLUE – Comité da Confederação de Grandes Lojas Unidas na Europa.
Memórias e Histórias da Maçonaria Portuguesa ( 2009)
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