O canto de Gal é cura, mas também é curadoria de toda a expressão da música popular brasileira.
Seu repertório consistente é também uma enciclopédia de ensinamentos sobre a poética e como aplica-la ao canto e aos ouvidos das famílias de todo mundo. Posso afirmar que Gal não experimentou e sim, teve certeza de tudo que ela fez, reindentificando a MPB. Ary Barroso, Caymmi, Noel Rosa… mas ela foi muito eficaz em nos trazer Luiz Melodia e fortalecer o que Djavan nos diz.
Ela também me oportunizou, não apenas me chamando para participar como músico de seu disco, mas também como autor. Isso mostra o quanto ela fez por novos artistas, sempre buscando estar próxima deles.
Vale a pena lembrar que Gal é o sustentáculo da voz do Tropicalismo. Ela deu voz a um momento difícil da nossa cultura enquanto seus irmão estavam exilados.
Ela protagonizou e incentivou um líder social como Wally Salomão estar entre nós.
A Tropicalista Doce Bárbara Gal Costa tatuou com suavidade sua voz em nossas almas. Voz essa que é urgentemente identificável. Há muitos belos cantos do mundo, mas ela vem na mente e habita em um lugar da gente que é só dela.
Nos pegou de surpresa, mas como diz seu verso: “é preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte.” Ela arrasou, ela é “mizeravona” como dizemos aqui para os grandes.
Não aceitamos este passar tão repentino, e tanto não aceitamos que é o eco da eternidade que escutamos agora.
Viva a Gal Costa. Muito obrigado por tudo. Que Oyá acolha o canto da sua mãe Yemanjá.
@ Carlinhos Brown