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Como é que Juan Carlos I, um rei com uma força icónica única na Europa, com um país aos seus pés, com a cumplicidade de certos políticos, com dinheiro e com as mulheres mais bonitas do mundo, pôde arriscar tudo? No seu percurso rumo ao abismo foi deixando para trás a família, os amigos, o prestígio, a honorabilidade...
Foi por causa de uma mulher? Por amor ao dinheiro? Por inconsciência ou por arrogância?
As respostas encontram-se neste livro direto, trepidante e comovente. Estão lá todas: sobre o rei e sobre o homem. A criança assustada, o joguete nas mãos do pai e de Franco, o adolescente que matou acidentalmente o irmão, o rapaz apaixonadiço e frívolo que colecionava namoradas, e o jovem que se viu obrigado a casar com uma mulher que nunca amou. Mas também o ser atormentado e depressivo cuja vida mais íntima e os momentos mais secretos se revelam pela primeira vez nestas páginas com uma clareza surpreendente.
Juan Carlos I precisava da caneta sincera e corajosa de Pilar Eyre para retratar até ao mais ínfimo e oculto pormenor todos os aspetos da sua vida, desde a sua luta pelo trono aos seus anos de fulgor e o seu lamentável crepúsculo.
ALGUMAS PALAVRAS
Como na longa dúzia de biografias que escrevi até ao momento, os meus livros apoiam-se em dois eixos fundamentais: documentação e imaginação. Do mesmo modo que ilustres autores como Heródoto, Homero, Stefan Zweig, André Maurois ou Fest, pus na boca das minhas personagens palavras que nunca ouvi e recriei cenas em que não estava presente, apesar de ter contado com a suficiente documentação para pensar que esses acontecimentos, se não ocorreram, poderiam ter ocorrido e são, portanto, verosímeis. Disse-o Vargas Llosa com genialidade a propósito das suas próprias obras: os recursos e a visão do romancista realçam e enfatizam os factos históricos, nós os escritores podemos movimentar-nos no território da realidade e da ficção à nossa vontade.
São incontáveis os livros que se escreveram sobre Juan Carlos de Bourbon ou outros membros da família e, ainda que eu creia tê-los lido a quase todos, tive de selecionar, por razões de espaço, os que mais contribuíram para a elaboração deste retrato. Eu própria escrevi as biografias da sua mãe, da sua avó, da amante do seu avô, do seu mentor (Franco), da sua mulher, a rainha Sofia, além de dois outros livros e de centenas de artigos jornalísticos sobre as vicissitudes gerais da família Bourbon.
São muitos anos, pois, de investigações documentais e também são muito abundantes os testemunhos que recolhi sobre a figura de D. Juan Carlos, de pessoas que o conheceram nalgum momento da sua vida e que responderam às minhas perguntas com uma generosidade que nunca poderei agradecer o suficiente. Este livro é, pois, o culminar de uma especialização que se materializou no ano de 2005. Quero conhecer as pessoas que estão por baixo dos títulos. Espero tê-lo conseguido.
AUTORA
Pilar Eyre (Barcelona, 1951) estudou Filosofia e Letras e Ciências da Informação. Exerce jornalismo como colunista, entrevistadora e repórter em diversos jornais e revistas e colabora também com várias emissoras de rádio e televisão.
É autora de inúmeros livros entre eles os relatos históricos Ena, Pasión imperial, María la Brava e, sobretudo, A Solidão da Rainha — publicados com grande sucesso pela Esfera — converteram-se num fenómeno editorial. Em 2014 foi finalista do Prémio Planeta com o seu romance A Minha Cor Preferida é Ver-te, que foi muito bem recebido pelos leitores, assim como a sequela: Nomeolvides . Os seus últimos romances são Carmen la rebelde e Un perfecto caballero."