INICIAÇÃO DAS MULHERES NO GRANDE ORIENTE LUSITANO
Meus Queridos Irmãos,
Sobre o tema que me foi proposto, achei importante refletir desde logo, conjuntamente convosco, e para separar águas, sobre a importância do Ritual em Maçonaria, e escolhi, para essa reflexão, precisamente, o Ritual de Iniciação e o seu simbolismo, no Rito Escocês Antigo e Aceite.
Uma certa visão da Iniciação, talvez mais espiritualista, mais adequada ao meu próprio posicionamento filosófico, concordo, mas uma visão livre e que tem exclusivamente um destinatário, a PESSOA, livre e de bons costumes, homens ou mulheres.
Em Maçonaria, Iniciação é Iniciação, existe ou não existe, acontece ou não acontece, reúnem-se ou não se reúnem as condições para que aconteça, mas nunca, nunca, pode depender do género do iniciando e, só por felicidade do próprio, coincidirá com a data da sua entrada na Loja.
Assim, e colocadas as coisas nestes termos, a Maçonaria, no seu conjunto, bem como o espírito que dela emana, são construídos tendo como base determinadas escolas filosóficas, ou ritos, em que os rituais respetivos assumem uma importância fundamental, dado que é neles que assenta a garantia de que a Tradição Iniciática continua a transmitir-se desde as suas origens em tempos os mais remotos até aos dias de hoje.
Este é um tema que considero muito importante porque constitui um excelente ponto de partida para nos levar a refletir sobre os objetivos e ideais que persegue a nossa Ordem, num tempo em que alguns põem até em causa a importância do Ritual na concretização desses objetivos. Pela minha parte, considero que o Ritual é parte fundamental na estrutura filosófica que sustenta todo o pensamento e ação da Maçonaria. Porém, se ao contrário, admitirmos como alguns Maçons pretendem, que o Ritual Maçónico não tem qualquer valor ou que terá somente um valor decorativo, então teremos também de admitir que toda a nossa prática em Loja não tem qualquer fundamento e se caracteriza por ser uma total inutilidade. Teremos até de admitir que os Maçons que assim pensam, não compreenderam ainda o alto significado das cerimónias iniciáticas que em princípio, e supostamente, lhes foi dado viverem.
Através do Ritual emanado da Tradição, somente o Homem existe face ao Universo, face a si mesmo, e ao seu semelhante, em resultado da Iniciação. Por isso, penso, o Ritual transporta em si, a própria Tradição. Melhor precisando, o simbolismo tratado e vivido pelos Maçons, não é mais do que a continuação de um trabalho produzido há milénios por um espírito idêntico e com idênticas motivações, qualquer que tenha sido o lugar, a época ou a Pessoa que lhe deu origem. O Ritual tem, por consequência, na sua realização social e enquanto suporte filosófico, uma componente prática indissociável de uma vontade de aperfeiçoamento, não somente para aqueles que como nós o vivem, mas sobretudo para o bem de todos aqueles que nos rodeiam. Para mim, a verdadeira vivência do Ritual de Iniciação deverá ter um duplo efeito: - por um lado, a tomada de consciência do nosso ser interior, da nossa relação com os outros, para com a Natureza, para com toda a Criação, para com o Planeta, para com o Universo, enfim, questionando-se sobre o porquê da Vida; - por outro lado, o nosso relacionamento com a sociedade profana, erguendo bem alto os Valores que devem orientar o Maçon, pelo exemplo e pela palavra, que poderá e deverá ser (porque não?), um relacionamento de vanguarda, antecipando situações oportunistas e socialmente injustas, na defesa intransigente dos Princípios que definem as Pessoas Livres e de Bons Costumes. Mas, meus Queridos Irmãos, Será que ao definirmos assim a experiência iniciática, não estaremos no fundo, a admitir, tão só, a prevalência de uma certa influência psicológica do Ritual, durante a cerimónia de Iniciação?
Convenhamos que toda a Iniciação provoca efeitos psicológicos, cabendo-lhe por definição provocar determinado tipo de influência sobre o espírito. Toda a reação humana passa pelo cérebro e este, se bem que dotado de um poder de abstração extraordinário, em relação aos outros animais, necessita de materializar as ideias através de símbolos tangíveis. As perceções da mente, particularmente postas à prova durante uma Iniciação, chamam à atividade todo um conjunto de elementos formadores da personalidade.
É interessante sublinhar que a escolha dos elementos destinados a influenciar o nosso espírito, é fundamental. Todos esses elementos estão presentes na origem da Criação: a água, a terra, o fogo, o ar, as trevas e a luz. Os nossos antepassados sabiam, obviamente, que através dos símbolos é possível transmitir um conhecimento vivo. Pelo seu realismo e lucidez, este conhecimento é acessível a todas as épocas, a todos os espíritos livres, independentemente do lugar da Terra em que se encontrem. A influência exercida sobre o espírito é, pois, universal e está também na base de toda a filosofia esclarecida que tem em conta, simultaneamente, a natureza humana e o ideal consubstanciado nas forças superiores que nos escapam.
A Iniciação tem, porém, uma componente educativa. O Aprendiz aplica o Ritual primeiramente sobre si próprio, no seu foro íntimo, e mais tarde, já na Loja, o seu entendimento alarga-se através da palavra, por ação de todos e com todos os Irmãos, mas sobretudo pelo exemplo, segundo as regras da nossa Tradição. Porém, isto ainda não é suficiente. É necessário intensificar o nosso interesse pela tradição iniciática, estudando e revivendo a nossa própria Iniciação através do comungar das experiências dos outros. A reflexão deverá ser constante de modo a perpetuar todas as reações do nosso espírito face aos primeiros símbolos maçónicos que descobrimos enquanto Aprendizes. Interrogarmo-nos sobre a influência da Iniciação sobre a nossa própria personalidade, talvez seja, no fundo, questionarmo-nos sobre o balanço que cada um de nós faz da Maçonaria. No fundo, é questionarmo-nos sobre parte do segredo que caracteriza a nossa Ordem, pois bem poderá suceder que nunca encontremos respostas para todas as inquietações que nos assaltam. Pela minha parte devo confessar, meus Irmãos, até agora, ainda não consegui todas as respostas que desejaria às inúmeras perguntas (ou inquietações) que me avassalam o espírito, mas em cada Iniciação que me é dado viver, renasce a esperança de um dia seguinte melhor, num Mundo que acredito poderá ser melhor, de melhores Pessoas, simplesmente porque apesar de todas as nuvens de desgraça, ainda acredito na capacidade de auto regeneração da Humanidade. Posto isto, compreende-se porque razão trago a incontornável questão da INICIAÇÃO MAÇÓNICA em primeiro lugar, como condição primeira na abordagem do tema proposto.
Assim sendo, lembro aqui um episódio passado há alguns anos, uma Ilustre Maçon francesa a quem um jornalista perguntou como comentava ela esta atitude da Maçonaria masculina de não reconhecer às mulheres nem a capacidade nem o direito de serem iniciadas na Maçonaria, respondeu que «essa é uma questão que deveria ser colocada aos homens, visto ser um problema deles». Pois bem, quer se trate de um debate sério e preocupado, quer se trate de conversa mais ou menos brejeira de bastidores, machista se se quiser, essas razões são frequentemente invocadas e acabam, neste caso, por condicionar, fortemente, a discussão no seio da Obediência. Mas, comecemos por alguns desses argumentos contrários à Iniciação das Mulheres no Grande Oriente Lusitano. Debrucemo-nos desde logo sobre o Artigo 1º da Constituição do GOL, da Maçonaria e os seus Princípios: «A Maçonaria é uma Ordem universal, filosófica e progressiva, fundada na Tradição iniciática, obedecendo aos Princípios da Fraternidade e da Tolerância, e constituindo uma aliança de homens livres e de bons costumes, de todas as raças, nacionalidades e crenças.
1 – Dizem, não é constitucional! Têm razão. De facto, o texto fala, sem ambiguidades, de uma aliança de «homens» (letra pequena), pelo que, sem dúvida, as mulheres não têm entrada na principal e histórica Obediência Maçónica Portuguesa. Como resolver esta, aparentemente, inultrapassável questão? - Alterando, urgentemente, o texto do referido primeiro artigo, fazendo substituir a palavra «homens» por PESSOAS. Tão complexo e tão simples quanto isto. - Além do mais, torna-se insustentável tal limitação, à luz da Lei Maior, ou seja, da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA, com a manutenção de um texto que contraria o Princípio da Igualdade, pois que cito, «todos os cidadãos têm a mesma dignidade social, e são iguais perante a lei. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.» -
Por outro lado, no Artigo 3º da mesma Constituição do GOL, diz-se ainda, cito, «A Maçonaria tem por fim o aperfeiçoamento da Humanidade (letra grande), através de…etc...», referindo-se, obviamente, à Humanidade inteira, não só à masculina. Assim sendo, como conciliar o teor deste Artigo 3º, universal, no que à Humanidade se refere, com o Artigo 1º, o qual restringe aos homens o papel decisivo na concretização dos grandes objetivos da Ordem? Será que o primeiro Artigo só garante o aperfeiçoamento de 50% da Humanidade?
2 – Abrir a possibilidade de mulheres serem iniciadas em Lojas do Grande Oriente Lusitano é contra a Tradição da Obediência. Errado! Não se pode ignorar a história da Obediência. Através das Lojas de Adoção, desde 1881, quando surgiu a primeira Loja de mulheres no Grande Oriente Lusitano, designada “Filipa de Vilhena”, muitas outras Lojas se criaram tuteladas pelas Lojas masculinas que lhes deram origem. Depois do Congresso Maçónico Internacional realizado em Lisboa em 1913, desencadeia-se uma polémica que perdura ainda nos dias de hoje. Citando Manuela Cruzeiro, por um lado, os Maçons que aceitam a presença das mulheres na Maçonaria, com igualdade de Direitos em todos os domínios; por outro lado os que aceitariam essa presença, mas na formula de Adoção, desde que tuteladas por Lojas masculinas; por último, outra corrente que de todo, aceita qualquer presença feminina nos Quadros da Obediência. Não é, portanto, dizer-se ser Tradição da Obediência rejeitar às mulheres o segredo da INICIAÇÃO. Na verdade, com imensas restrições, é certo, desde 1881, e durante muitos anos, tal foi prática corrente dentro do Grande Oriente Lusitano.
Demonstra-se assim a já longínqua predisposição, pelo menos uma grande parte das Lojas (ou seja, dos Maçons), em aceitar a Iniciação de Mulheres no Grande Oriente Lusitano, como normal e desejada.
No plano da Tradição maçónica mais remota, anterior a 1717, até na conservadora UGLE, já nas grandes portas do seu Templo principal, oferecidas pela Grande Loja dos Antigos, se faz alusão ao Trabalho feminino na fase operativa da Ordem, apresentando grandes representações de grupos de mulheres a realizar tapeçarias, vitrais e outras artes similares, que entravam nas obras acabadas.
3 – Argumentam-se também outro tipo de razões, inspiradas pelas visões esotéricas, por exemplo, que a Iniciação de Mulheres no Grande Oriente Lusitano, não seria conforme ao “espírito” da Iniciação masculina. Errado! A menos que se queira defender que a mulher, livre e de bons costumes, tem um “espírito” diferente do homem, também ele, livre e de bons costumes, é evidente que a INICIAÇÃO, de uns e outros, só pode ser absolutamente idêntica. Por outro lado, e ainda nesta linha de argumentação, há quem sustente o argumento de que a mulher, já é por natureza um ser iniciado porque tem filhos, procurando-se deste modo desvalorizar a Iniciação das mulheres. Errado, porque isso seria admitir que as mulheres sem filhos, seriam menores e imperfeitas. No mínimo, tal argumento é, ridículo! Há também aqueles que são tão contrários à INICIAÇÃO DAS MULHERES, que argumentam que a mulher é lunar e as Lojas são solares. Falso, até sob o ponto de vista de interpretação simbólica. Toda e qualquer Loja Maçónica está sujeita ao equilíbrio do Triângulo Equilátero central, onde pontifica, expressa, ou implicitamente, o Olho que tudo vê, com o Sol e a Lua de cada um dos lados, em perfeita harmonia. Mas, pior, é o chamado o “argumento platónico”, que designa a mulher como um ser acima do que é humano, dada a transcendência da sua condição. Também este tipo de argumentação nos faz rir, dada a irracionalidade dos fundamentos que invoca.
4 – Depois, vêm argumentos de outro tipo. Os de carácter social que não são mais do que um repositório de razões insustentáveis, por serem discriminatórias e porque atentam contra a própria dignidade das mulheres. - de que não sabem guardar um segredo; - de que mulheres em Loja provocariam tentações de carácter sexual, promiscuidade, pensamentos lúbricos, etc, etc. etc.; - que as mulheres em Loja, não estariam preparadas para permanecerem em igualdade de atitude para com os homens, porque naturalmente submeter-se-iam, não proporcionando o ambiente próprio, nem ao desenvolvimento da egrégora da Loja, nem o desenvolvimento interior, ou seja, impediriam a construção do Maçon Inteiro em plena e constante progressão; - que a presença de mulheres estraga o ambiente masculino de natureza convival e descontraída; - que a participação das mulheres nos quadros das Lojas, preocuparia muito as esposas, que agora ficam razoavelmente descansadas, mas que com essa realidade, ficariam preocupadas, criando condições para a instabilidade familiar, já que com as subtilezas comportamentais dessas “aventureiras”, certamente e facilmente, deixariam os homens presos às tentações, incapazes de resistir às manas; Pois bem, nada como desmontar tais infelizes argumentos. Desde logo, afirmar-se que a mulher não sabe guardar um segredo é falso. Há grandes exemplos de que se alguém sabe guardar um segredo, são as mulheres. Uma longa lista demonstra que assim é.
A questão do “pecado” das tentações que a mulher origina na pobre e frágil cabeça dos homens, também não colhe. Afinal, homens e mulheres vivem, convivem, trabalham, viajam, frequentam e conjuntamente escolas, hospitais, nas forças armadas e de segurança, exercem profissões de risco, em que a vida depende uns dos outros, etc., e só na Loja maçónica, isso seria perigoso? Afinal, que Maçons seriam esses? Já quanto ao receio de que em Loja as mulheres naturalmente se submetiam ao “domínio” masculino, dá mais que pensar. Talvez assim fosse, se estivesse-mos a falar de mulheres e homens comuns. Porém, como estamos a falar de Maçons, homens e mulheres incomuns (as tão desejadas elites), estes são perfeitamente capazes de estar entre si em pé de igualdade. Perde assim qualquer valor esta questão. Aliás, quando surge, se surge, trata-se de uma situação social disfuncional do grupo, que poderá perfeitamente manifestar-se no seio da Loja, independentemente da questão de género. Aqueles que afirmam que a Maçonaria, que na sua origem foi masculina e deve continuar masculina, a Iniciação das Mulheres, só viria estragar o ambiente masculino, convival e “fraterno”.
Embora uma Loja maçónica seja mais do que um clube de «cavalheiros», quer seja por influência dos ingleses, quer seja inspirado nas “tertúlias” masculinas dos clubes privados, a verdade é que muitos Maçons assim o entendem. Porém, nenhuma razão justifica excluir as mulheres, que em muitos desses grupos, até dão cartas aos homens. Só a concupiscência mental masculina é responsável por uma tal visão…
Já quanto à argumentação dos possíveis “atentados” à tranquilidade das famílias dos Maçons, convém referir que grande parte da resistência à Iniciação das Mulheres no Grande Oriente Lusitano, tem origem naqueles Maçons que morrem de medo só em pensar que poderiam encontrar em Loja, depois de iniciadas e integradas, as suas próprias mulheres. Perder-se-ia toda a graça, argumentam… Grande problema mesmo, o desses Maçons, e que infelizmente se encontram em número significativo entre nós… Portanto meus Irmãos, A resposta a todos estes argumentos é de que são falsos, como caso a caso se demonstrou.
Resta a grande questão:
5 – Se já há Obediências com Lojas Femininas e Mistas, logo, está o problema resolvido! Cada um escolhe onde se sentir melhor. Nada de mais constrangedor e falso, pois trata-se do odioso argumento do apartheid. É o que acontecia em muitas sociedades humanas, desde os transportes, restaurantes, hospitais, escolas, etc. e, até, mais grave, acontece ainda em certas Potências Maçónicas no Mundo. Se tal é inaceitável em Maçonaria, é intolerável no Grande Oriente Lusitano cuja doutrina, fundada num valioso legado de mais de 200 anos, terá necessariamente de contribuir para que a Luz se instale, retomando o seu papel de Guia no contexto da Maçonaria Liberal. Não pode simplesmente deixar para outros, aquilo com que não deseja confrontar-se. É inadmissível!
Meus Irmãos,
Um único argumento, para o qual não há resposta, quando à questão da iniciação das mulheres. Simplesmente “sou contra, porque sim!” Esta posição, que tem muito a ver com muito do que aqui se disse, merece-nos a seguinte reflexão: Temos de saber, enquanto Maçons, e é necessário fazê-lo, conciliar Diversidade, com Igualdade e com Liberdade, e agir com sabedoria. Sem ambiguidades, na verdade, preconizo, sim, a existência de Lojas de Pessoas no Grande Oriente Lusitano, como garantia de Progresso da Maçonaria Liberal e não dogmática em Portugal. LOJAS DE PESSOAS, numa conceção diferente de Lojas mistas que normalmente, apontam o género como a grande diferença entre as pessoas. Ora, as diferenças entre as pessoas são múltiplas e como dizia um Maçon sábio, «tenho mais proximidade intelectual, emocional e estética, com algumas mulheres, do que com muitos homens». Portanto, se as Lojas forem designadas mistas, que o sejam por muitas outras particularidades e não só pelo sexo. Defender a Liberdade, a Igualdade, e a Fraternidade e, em consequência disso, a laicidade, a liberdade religiosa, de educação, de elevação moral da Humanidade, etc., etc., etc., só é possível no entendimento de que a Liberdade é condição essencial à vida.
Não existe dignidade humana, onde não há LIBERDADE!
Ora, a Igualdade é outro nome de Liberdade. Todos os seres humanos aspiram à Liberdade, e, a única forma de lhes impedir o acesso pleno à liberdade, é criando desigualdade, dando a uns, o que a outros se nega. Lojas de Pessoas, pela simples razão de que não aceitaremos qualquer descriminação, reconhecendo primordialmente a DIVERSIDADE como característica fundamental do ser humano, falando nós do direito à igualdade, a todos os níveis, quer seja, de raça, religião, idade, estrato social ou profissional, etc.. Tudo dependerá das Lojas, e das suas opções. Do entendimento que fizerem sobre o que é ser «livre e de bons costumes», e partindo dai, abrirem as portas à INICIAÇÃO de PESSOAS, iniciando homens, mulheres, ou homens e mulheres desde que se enquadrem nos seus critérios rigorosos de seleção. Sem distinções, mas, podendo, de facto, vir a acontecer, que na prática, coexistam os três tipos de Lojas, mas NUNCA por razões de prévia escolha determinada pelo género dos seus Obreiros.
Faço um voto, é o de que não venhamos a ter de resolver, um dia, esta questão do DIREITO À IGUALDADE pela força exterior, civil, da justiça profana, se se quiser, como aconteceu com o Grande Oriente de França (e aí sim, seria por razões de género), sendo tal hipótese profundamente lamentável, já que na verdade, se isso vier a acontecer, será porque não soubemos ser suficientemente TOLERANTES para aceitar natural, o que é natural, preferindo ignorar que DIVERSIDADE também é, com a Igualdade, condição de Liberdade.
É assim que vejo o FUTURO DA MAÇONARIA em Portugal, passando o GRANDE ORIENTE LUSITANO a ocupar o lugar que é o seu, na vanguarda dos grandes avanços do Progresso Social, que também passam por esta inevitável opção (demore o tempo que demorar) dentro da Maçonaria Portuguesa. A menos que nos conformemos em deixar para outras Obediências, mais pequenas, sem representatividade nem visibilidade, sem as responsabilidades do Grande Oriente Lusitano, a primazia de serem as únicas, a levantar a bandeira da Igualdade, é URGENTE que uma posição seja tomada, quanto antes, no seio do nosso sistema constitucional.
Meus Irmãos, Agradeço a Fernando Marques da Costa, a António Ventura, a Oliveira Marques alguma da matéria histórica aqui referida, e a Mário Parra da Silva, uma certa visão doutrinária.
Termino com uma citação de Maria Belo, nela homenageando outras mulheres, grandes Maçonas portuguesas, desde Adelaide Cabete e Ana de Castro Osório, a, mais recentemente, Fernanda Andrade, Teresa Campo, Françoise Carreira, Mª. Helena Carvalho dos Santos e Manuela Cruzeiro, Ilustre Irmã, de cujos, escritos também me socorri. «Eles sempre aceitaram a sua incompletude e é dela que falam na sua poesia, no Cântico dos Cânticos, na longa viagem da Bíblia. Eles e nós, cada um, terá de aceitar a sua incompletude que não tem deus no final do túnel. É essa aceitação que nos dá o espaço, não para um encontro ou identificação imaginária, entre uns e outros, mas o espaço para aprofundar a diferença, espaço para cada qual falar a partir do seu lugar; do seu desejo, da sua inveja de não ser o outro, pela sua admiração pelo que o outro é; o espaço para compreender que o que o outro é não me foi necessariamente roubado.» Maria Belo, 2011 (in Preambulo da obra «Mulheres na Maçonaria – Portugal 1864-1950» de Fernando Marques da Costa) Disse, D.M, M::M:.