PSD – A diabolização da Maçonaria com o Opus Dei a disfarçar
(Carlos Esperança, 22/07/2021)
A reboque de uma proposta do PAN, o PSD, por lutas internas, veio defender que todas as associações deveriam ser declaradas, dado que as leis devem ser gerais e abstratas, evitando a discriminação de entidades.
Não sei se pensou nos sindicatos judiciais, certamente mais influenciadores da conduta dos seus membros do que as associações visadas, Maçonaria e Opus Dei, ou em outras, desde as associações de diabéticos, alcoólicos anónimos e jogadores de xadrez a sócios de clubes desportivos, bombeiros voluntários, associações de moradores e tantas outras.
Quem conheceu a ditadura, onde o Opus Dei era legal e a Maçonaria proibida, sabe que é o ataque à liberdade e ao livre-pensamento que, ao arrepio da CRP, procura cobertura legal. Aliás, o nazismo tinha nos judeus e maçons inimigos de estimação.
O PSD conhece bem as perseguições a que alguns maçons, que lhe deram credibilidade, foram sujeitos. Nem o nome honrado do seu ex-presidente Emídio Guerreiro demoveu o partido de se juntar aos inimigos da liberdade.
Os deputados proponentes sabem que, ainda que seja declarada a inconstitucionalidade da lei, fica o labéu contra associações de livres-pensadores e permanecerá incólume a prelatura pessoal de João Paulo II, espécie de al Qaeda sem bombas, da Igreja católica.
A maçonaria é agredida por ter organizado a Revolução Liberal, o 31 de Janeiro, o 5 de Outubro e ser uma vanguarda na defesa dos direitos humanos em sucessivos momentos históricos.
É evidente que o nome do Opus Dei só consta para encobrir o ódio ao livre-pensamento, uma homenagem serôdia a Pio IX e à sua encíclica «Syllabus errorum», um catálogo de condenações, desde o panteísmo ao naturalismo, do racionalismo ao socialismo, sem ter esquecido o comunismo, a maçonaria e o judaísmo.
Sem coragem para condenar os grandes nomes da maçonaria que, desde a Revolução Liberal até hoje, se distinguiram na defesa da liberdade, o PSD preferiu juntar-se aos que desde o Estado Novo destilam ódio contra uma associação cívica cujo pluralismo divide o voto dos seus membros por todos os partidos democráticos.
E, por mais estranho que pareça, levou consigo apoios surpreendentes. Hei de voltar ao assunto, sobretudo ao Opus Dei onde os nomes honrados de Mota Amaral e do insigne cientista português Pinto Peixoto se misturam com os mais execráveis fascistas, desde o santo fundador ao padre Hugo de Azevedo primeiro padre O.D. em Portugal.